sábado, 27 de agosto de 2011

Tanto no pessoal, quanto do profissional. Ô loco, bicho!


Zezão, tudo em riba, bródi?

Comigo tudo firme, quiném prego no angú.

Preciso crescer muito ainda, para conseguir lidar com a falsidade. Sou ingênuo. Idioticamente ingênuo.

Esse negócio de viver é muito doido cara. Ninguém falou que seria fácil, né? Pois é Zé.

Eu me aproximo demais das pessoas. Tanto no pessoal, quanto no profissional. #FaustãoOn

Pra mim é quase impossível essa separação. Você passa a maior parte da vida, convivendo com colegas de trabalho. Não se ligar, alimentar afetividade, é complicadíssimo. Exige uma frieza que eu não tenho e nem pretendo ter. Exige também um desligamento que não julgo proveitoso pras relações, mesmo no trabalho.

Sei que o despreendimento é importante. Você nunca será 100% querido por todos. Mas é muito difícil lidar com possíveis desafetos, ou desalinhos. Eu não consigo aceitar ter desafetos. Sempre batalho para resolver toda e qualquer questão, por menor que seja. Mas esse tipo de comportamento é altamente desgastante.

O negócio é se nutrir de boas experiências e de pessoas que transmitam energia compatível com o que você deseja pra si mesmo.

Zé, essa nossa prosa tá ficando PauloCoelhada demais, não?

Vou alí e já volto.

Bração procê amigo.

Inté, Zé!




quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Rolé não voltará. (In Memoriam)

Zé, bom dia!

A vida nos prega cada peça. Hoje, recebi um SMS de um velho amigo meu. Já não conversamos faz tempo, devido alguns desentendimentos, mas foi um motivo especial. Especialmente triste. Meu ex padrasto, faleceu na manhã de hoje.

A história da minha mãe, com meu padrastro, começou quando ela ainda fragilizada pela morte do meu pai, encontrou Romero Carvalho Neto, um senhor de 62 anos, num clube, lá em Quinta das Palmeiras, distrito de Pedro Leopoldo. Começaram a se relacionar e já depois de 4 meses, ele veio morar conosco em Belo Horizonte.

Rolé, como era conhecido, vinha de uma família tradicional de Pedro Leopoldo. Seu avô, Romero Carvalho, foi o primeiro prefeito da cidade.

Rolé sofreu um grave acidente aos 15 anos. Caiu de um pé de manga (14 metros de altura) e perdeu seu braço esquerdo. Se ele não fosse canhoto, não sofreria tanto. Mas era.

Imagine o preconceito, na década de 40, a uma pessoa deficiente. Pois bem. O mesmo teve que se superar. Foi nadador, ganhou várias medalhas, disputadas com pessoas "normais". Foi motorista de caminhão, sem qualquer adaptação em seu veículo e ajudou a construir Brasília. Ele se superou. Foi um homem honesto e lutador.

Rolé não era perfeito. Não é por que faleceu, que virou santo. Sua forma de lidar com a deficiência, foi a pior possível. Para se mostrar "igual", se postou como superior a todos. Tanto se gabando da tradição de sua família, quanto mostrando aos outros que todos estes eram inferiores a ele, em tudo. Comprava carros importados, aparelhos de última geração e tudo mais que pudesse ostentar.

Ele dizia para todos que eu, Alvim, era mais amado até que os 3 filhos reais dele. Mas ele tinha maneiras muito ruins de demonstrar isso. Certas vezes era arrogante e não media palavras. Minha mãe e eu sofremos, por 10 anos.

Saímos do convívio dele, através de uma liminar de separação de corpos, conquistada através de um juiz de plantão, em Sete Lagoas, a meia-noite do meu aniversário, em 2003. Tinhamos medo de que ele matasse minha mãe, já que pouco tempo antes, a agrediu fisicamente.

Eu convivi com ele mais tempo do que com meu pai. Ele me ensinou a viver. Aprendi muito com ele. Coisas boas e ruins. Tenho marcas na minha personalidade, advindas dele, que tento melhorar. Não tento ser melhor que os outros, nem hostentar nada, mas sou uma pessoa com um nível de criticidade e impulsividade muito forte e muitas vezes isto incomoda.

Aliás, um curiosidade, totalmente desconexa com esta nota: Rolé nasceu em 28 de setembro, dois dias antes do meu pai. Também morreu hoje, 4 de agosto, dois dias depois que meu pai morreu.

Estou realmente triste. Inexplicavelmente triste.

Tenho para mim que Rolé foi eternamente aquele menino de 15 anos, antes de perder seu braço. Tinha seus sonhos, seus valores e sua carência. Sentimento este, que ficou acuado dentro do seu peito, dando espaço para uma superação sem tamanho.

Romero tinha um coração imenso. Tinha sonhos ainda mais grandiosos. Foi um grande, mas um grande menino de 15 anos, até hoje, ao falecer, cronologicamente com 80 anos.

Inté, Rolé!

Romero Carvalho Neto
30/09/1930 *
04/08/2011 +